quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Refundar a Europa ou reafundar a Europa?

Ora aí está a mais recente declaração do monstro bicéfalo chamado Merkozy: "é preciso refundar a Europa".
Merkel e Sarkozy lá vão tentando mandar na Europa, governando através de conferências de imprensa e lançando sound-bytes para o ar.
O que é isso de refundar a Europa? Afinal, o tratado de Lisboa não era porreiro, pá?
Claro que não era porreiro.
O Tratado de Lisboa a única coisa que tem de bom é o nome, de resto é a desgraça.
Foi com o tratado de Lisboa que a União Europeia se tornou nisto: uma casa onde todos querem mandar e onde ninguém se entende.
Eles são Merkel e Sarkozy a puxar para um lado, é Durão Barroso a tentar travar o eixo franco alemão, é Jean-Claude Junker, presidente do Eurogrupo, depois temos Van Rampoy, presidente do Conselho Europeu, depois o Comissário Europeu Olli Rehn que é vice-presidente da Comissão Europeia, depois ainda temos o Banco Central Europeu e o seu novo presidente Mario Draghi e nem falei do Parlamento Europeu... Alguém que ponha ordem nisto, por favor!
Não é preciso refundar a Europa, o que é preciso é que os líderes, a começar por Merkozy, percebem que isto não vai lá com soluções intermédias.
É preciso lançar de vez as Eurobonds, só assim se contorna o problema da crise da dívida.
É preciso que o Banco Central Europeu emita moeda, porque a crise destruiu muito dinheiro.
É preciso um Governo Económico-financeiro forte para a União Económica e Monetária.
É preciso recuperar o objectivo da harmonização fiscal que foi posto na gaveta há mais de uma década.
É preciso desvalorizar o Euro - em boa medida, uma emissão de moeda por parte do BCE poderá cumprir este objectivo, mas pode não chegar.
É preciso adoptar medidas proteccionistas sérias, sob pena de se assistir impávida e serenamente à destruição de toda a indústria europeia. A globalização e a excessiva liberalização são os coveiros da Europa. Quem estudar seriamente a história económica mundial sabe que ao longo dos últimos séculos houve alternância entre períodos de livre comércio e proteccionismo. Hoje em dia olha-se para a liberalização do comércio mundial como algo intocável e irreversível. Há que questionar isto!