Uma das coisas boas do Natal são as músicas de Natal! Elas enchem o ar com uma atmosfera positiva que preenche o nosso espírito de coisas boas... Já os anúncios de Natal são uma das piores coisas da época. Ou porque são gritados e agressivos ou porque são de um perfeito non-sense que fere a inteligência humana. A mim irrita-me solenemente uma campanha publicitária de uma operadora móvel, de tão "chanfalheiro" que é o seu anúncio. "All together now"... as pessoas não o saberão, eu aprendi-o com um band britânica, os The Farm, já lá vão vinte anos, faz uma alusão a um dia de tréguas, no dia de Natal de 1914, quando em plenas trincheiras da 1ª Grande Guerra Mundial, tropas de ambos os lados se encontraram na "no man's land" para trocar presentes e jogar à bola. Bonito... sem dúvida! E não é lenda. Custa-me ver um tema bonito gritado a altos berros ao ponto de ferir os ouvidos. Mas, pior do que isso é quando vejo que, no âmbito de uns ditos, duetos improváveis, me aparece Vitorino a cantar em inglês!! Ora, vejam lá que um dos artistas mais tradicionais e que mais se tem oposto à presença de música anglo-saxónica nas play-lists das rádios nacionais, ele próprio, a troco do vil metal, também já canta em inglês. As coisas que o dinheiro faz à cabeça das pessoas....
Mas, nesta coisa de linguas estrangeiras há quem queira estar sempre um passo à frente. E, vai daí, eis que já surgem pais que, indo para além das preocupações socráticas - que determinaram aulas de inglês para crianças que ainda não escrevem nem leem português, no 1º ciclo do ensino básico, logo no 1º ano de escolaridade - já põem os meninos a aprender chinês, porque "O Chinês é o futuro"!! Em tempo de Natal, deixem-me que diga "perdoa-lhes Pai, pois eles não sabem o que fazem".
Esta submissão antecipada a um império que, antes de o ser, já está a começar de deixar de o ser, é um sinónimo de irracionalidade humana. Estamos, de facto, num novo tempo. Antigamente, os grandes impérios: Egipto, Grécia, Roma, Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra, EUA, ... eram, em cada um desses momentos históricos, os locais onde melhor se vivia no Mundo. Agora assistimos ao nascimento de um império baseado na opressão, na miséria, na exploração, na falta de direitos humanos e dos trabalhadores... e que fazemos nós, europeus? Incapazes de esboçar uma reacção, que passe por defender o nosso passado civilizacional e cultural, já estamos a estender a passadeira vermelha (bem a propósito, o vermelho!). Não tarda muito, vão querer que, em vez do nosso calendário, passemos a usar o chinês e, já agora, vamos mandar fora os computadores e teclados "qwerty", ou não, e vamos aprender a desenhar caracteres chinocas...
O que estou a dizer tem pouco a ver com a privatização da EDP, perdão, re-nacionalização da EDP! Sim, porque o que era nacional passou a ser estrangeiro, mas detido por um Estado estrangeiro, logo é uma nova nacionalização. Em relação a este negócio pouco ou nada tenho dizer porque o desconheço nos seus contornos, mas não deixo de ficar perplexo com a notícia publicada no Financial Times que diz que "Portugal teve sorte em vender 21% da EDP e receber o valor de 50%". O mesmo artigo diz que o negócio foi uma pechincha para os chineses.... Afinal, em que ficamos?
Bem, voltando, aos que já se apressam a estudar chinês, tenho para eles uma notícia: está a surgir uma nova grande potência mundial, também alavancada num enorme crescimento populacional e numa exploração de trabalhadores que ultrapassa a chinesa: a India! E, já agora, na India fala-se Inglês! Afinal, Sócrates tinha razão...