quinta-feira, 30 de junho de 2011

A minha opinião acerca do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal?

Já a dei, de forma indirecta, em 7 de Maio neste mesmo blog.

Na altura disse: “Em 2009 Sócrates aumentou em 3% os funcionários públicos. Só o facto de haver eleições o explicou. Ora, nesse ano deveria ter havido aumento “zero”. Não tendo havido, 3% significa, basicamente, meio mês de salário a mais. Ou seja, os funcionários públicos ganharam 14,5 meses em 2010 e 14,5 meses em 2011- relativamente ao que deveria ter sido. Ficaram a ganhar um mês, nestes dois anos! Logo, não advogo a retirada de 13º ou 14º mês, mas não vinha mal nenhum ao Mundo se o subsídio de Natal fosse pago em títulos de dívida pública. Então se os empregados não são solidários com o patrão... que empregados são estes? Além do mais, no Natal estraga-se muito dinheiro, particularmente em “cangalhada” importada. Não estou advogar o “Natal do Sr. Scrooge” como modelo de festas, mas quem não tem dinheiro...”

Ora aí está, então. O novo Governo, pretensamente liberal, na opinião de muitos, ao contrário do anterior, decidiu não fazer dos funcionários públicos o bombo da festa e propõe uma medida, socialmente justa, para público e privado, que não tem qualquer incidência sobre os trabalhadores que auferem o salário mínimo nacional e que em pouco influenciará os trabalhadores com mais baixos rendimentos.

Eu diria que isto é uma medida para fazer corar de inveja qualquer bom governante socialista.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O poder de compra e a sua relação perversa com a competitividade - Afinal, quem é que não tem calções?

Um estudo publicado na semana passada revela que Portugal ocupa o 18º lugar entre os 27 Estados-membro da UE em termos de Poder de Compra. Entre os países da Zona Euro só dois estão atrás de nós: a Eslováquia e a Estónia. De recordar que dos 27 países da UE só 10 não aderiram à União Monetária...

Um dos aspectos mais sublinhados no estudo é o facto do Poder de Compra português ser inferior ao grego. Enquanto o Poder de Compra dos portugueses é 81% da média europeia, o dos gregos é de 89%.

Não querendo aqui fazer a apologia dos baixos salários, a verdade é que Salário Mínimo Nacional (SMN) na Grécia é de 681€, enquanto que em Portugal é de 485€. Não possuo estatísticas relativas ao número de trabalhadores que o auferem em cada um dos países mas, só por este dado, já se percebe esta discrepância.

Um estudo divulgado pela OIT em Outubro de 2008 revelava que o leque salarial (a diferença entre o salário mínimo e os salários mais altos) em Portugal era dos mais altos nos países da OCDE, sendo apenas ultrapassado pela Espanha.

Ora, tudo isto leva-me a dizer o seguinte:

  • Treze anos de governação socialista foram incapazes de inverter esta tendência. Pior: agravaram-na! Portugal é, hoje, um dos países mais desiguais entre os membros da UE;
  • Mais uma vez, não fazendo a apologia dos baixos salários, diria que só o facto de se practicarem estes níveis salariais, evitou que Portugal se tornasse ainda menos competitivo do que já é!
  • Ao invés, a Grécia está agora a ser vítima dos salários que pagou por trabalho que deveria ter sido menos bem remunerado. Confuso? O que quero dizer é que os gregos, e também os irlandeses, beneficiaram durante algum tempo de salários artificialmente altos. Artificialmente, porque não sustentados em aumentos reais de produtividade. Os efeitos são conhecidos...
  • Voltando a Portugal, pode-se dizer, ainda, que, se os salários são o que são, e o endividamento das famílias é o que é, imaginem qual não seria o endividamento destas se os salários fossem mais altos. Pode-se dizer: “não, o endividamento seria inferior, pois haveria mais capacidade de aforro”. Mas eu digo: “OK, estamos a falar de Portugal! Quanto mais alto for o salário, mais alto será o consumo e não a poupança”... O nosso país tem coisas maravilhosas para um Economista estudar...

Pegando nisto, e para que não se diga que eu sou um adepto fervoroso dos baixos salários, eu diría que a contenção salarial em Portugal tem sido conseguida à custa das PME's, as famosas Pequenas e Médias Empresas. Segundo dados fornecidos pelo INE, relativos a 2008, as PME representam 99,7% do tecido empresarial, geram 72,5% do emprego e realizam 57,9% do volume de negócios nacional. A maior parte destas empresas são, na verdade, micro-empresas que empregam 10 ou menos trabalhadores e são elas que põem a Economia a mexer.

Não é por acaso que, no discurso político, da Esquerda à Direita, todos defendem o apoio às PME's. Quem não se lembra do famoso apoio às “piquenas” e médias empresas segundo Manuela Ferreira Leite? Ora, qualquer um de nós “compra” essa estratégia. Mas diga-se em abono de verdade que defender as Micro, Pequenas e Médias Empresas passa, muitas das vezes, por pôr na linha as grandes empresas. As Grandes Empresas de que falo são autenticos adamastores sustentados por todos nós. São empresas semi-públicas, algumas delas cotadas em Bolsa que, apesar, de trabalharem na esfera privada, continuam “contaminadas” por vícios que ficaram dos tempos em que eram empresas públicas. Ao trabalharem em mercados monopolistas ou de oligopólio, sem concorrência ou com muito pouca, estas empresas, do ramo das Comunicações, Combustíveis, Energia e Redes Viárias, registam lucros fabulosos que rapidamente canalizam para investimentos no estrangeiro, “sangrando” a economia nacional e retirando-lhe recursos que são produzidos à conta dos consumidores e utentes “tugas”. Bem, para quê esta divagação agora? Por duas razões:

  • Primeiro, para dizer que as nossas PME's seriam bem mais competitivas se não fossem “sugadas” por estes “adamastores”. É verdade que todos esses sectores têm entidades reguladoras, mas digam-me: têm-se apercebido da sua actuação?
  • Segundo, para dizer que o salário médio, que é apenas um produto estatístico, é altamente empolado pelos salários anormalmente altos que se pagam nesses sectores protegidos, aos quais eu juntaría a Banca... No fundo, a contenção salarial tem sido só para alguns...

Há pouco tempo, alguém usava uma imagem engraçada para descrever as mazelas que a crise pôs a descoberto: “quando o nível da água desceu abaixo da cintura nós (Portugal) éramos os únicos que não tinhamos calções”... Não é bem assim. Já percebemos, fazendo uma analogia, o nu integral da Grécia e não só. Uma nota do FMI revelada hoje na comunicação social indica que o limite de endividamento dos EUA terá que aumentar, sob pena de, a breve trecho, se enfrentar o risco de bancarrota. Já há alguns dias a Fitch tinha dito o mesmo. O endividamento externo e a dívida pública americana começam a ter dimensões verdadeiramente incontroláveis. Quando ouvi isto, veio-me à cabeça a imagem de Barack Obama, há meses atrás, sentado no Palácio de Belém, a assinar o livro de honra, enquanto Cavaco lhe sussurrava ao ouvido as razões pelas quais não se podia comparar a situação de Portugal nem com a Irlanda, nem com a Grécia. É caso para se dizer “fala o roto para o nú”!


Já agora... não deixo de ficar perplexo com o poder de compra que os cidadãos americanos revelam em terras portuguesas. Com o Dólar tão depreciado... como é isso possível? Desconfio que, da mesma forma que os gregos se andam a pagar bem, também os EUA andam a viver claramente acima das suas possibilidades... Em três anos a Economia americana foi do céu às profundezas do Inferno. Em 2008 a taxa de inflação era a mais baixa em 54 anos! Agora, em 2011, já está acima dos 3%. É aquilo a que, em Economia, se chama o fenómeno da “Inflação Importada” - que ocorre, em Economia aberta, num país cuja moeda se depreciou, à medida que fica cada vez mais caro adquirir matérias primas ou bens de consumo ao estrangeiro.

Ou seja, em conclusão, a actual situação não é boa para ninguém: nem para a Europa, nem para os EUA... Mas, aos americanos, dá-lhes jeito que se fale da Europa e do Euro, para que não se fale deles. Paul Krugman e Joseph Stiglitz dois Prémio Nobel da Economia, ambos americanos (curioso, não?) têm andado num afã e prever o fim da Moeda Única Europeia e a falência de algumas Economias da UE. O primeiro, feroz adversário da política de Bush é agora incapaz de tecer críticas a Obama. O outro, diz que a crise é resultado do “pensamento da direita”. Senhores doutores, um bocadinho de honestidade intelectual talvez desse jeito!



terça-feira, 21 de junho de 2011

Só para acrescentar que...

... a desvalorização do Euro de nada serve para Portugal ganhar competitividade junto dos outros parceiros europeus da Zona Euro, nomeadamente aqueles que são, actualmente, os nossos principais clientes: Espanha e Alemanha.
A utilidade desta medida seria ganhar competitividade junto de países terceiros, nomeadamente nos mercados emergentes: Brasil, Rússia, India e China, para além de outros onde Portugal tem investido diplomaticamente. Exceptuo a Líbia, por razões óbvias, por agora...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Euro do nosso descontentamento

João Ferreira do Amaral, um conceituado economista, professor do ISEG, veio hoje a público defender que Passos Coelho deve, desde já, começar a preparar, no maior secretismo possível, a saida de Portugal do Euro.

É verdade que em Economia não há certezas absolutas acerca daquilo que nunca aconteceu. Por outro lado, não vou dizer que esta proposta é um disparate por duas razões fundamentais: por um lado, aquilo que hoje pode parecer disparatado, pode amanhã ser a única e mais viável solução, por outro lado, o respeito e a reverência que tenho, sempre, pelos meus antigos professores leva-me a considerar esta proposta.

Antes de mais, em político “alto secretismo” é coisa que não existe. Não há nada que duas pessoas possam fazer sozinhas, logo, não há segredo possível. Mas, para além disso, penso, que, efectivamente, este não é o caminho. É verdade que o directório de Bruxelas e o eixo Paris-Berlim têm andado a ensaiar essa saída para a Grécia. Mas, não sei até que ponto é que alguém já conseguiu minimamente antever as consequências que isso acarretaria para toda a zona Euro. Mandar fora a Grécia não é a solução!

É verdade que para Portugal, perante o actual cenário, não há uma boa saída. Há uma saída menos má.

As alternativas são, no curto prazo:

  • continuar no Euro e ir perdendo competitividade no longo prazo, sofrendo, ainda por cima, na pele as medidas impostas pela Troika que, no imediato, são altamente recessivas.
  • abandonar a zona Euro e lançar o país numa crise de confiança tremenda, que arrastaria o país, no imediato, para uma situação próxima da bancarrota. É certo que a média longo prazo o país recuperaria alguma competitividade porque poderia desvalorizar a sua moeda e, por outro lado, poderia cobrir os défices orçamentais com emissão de moeda. Mas, como dizia Keynes, “no longo prazo estaremos todos mortos”

De facto, a impossibilidade de emitir moeda, conjugada com o facto de não se poder recorrer às chamadas desvalorizações competitivas, tem trazido a Portugal grandes dificuldades pois foram, no passado, dois instrumentos importantíssimos na política monetária nacional.

Ao aderirmos ao Euro perdemos essas ferramentas.

Mas a perda de competitividade não é uma fatalidade irreversível.

É estranho que ninguém fale da sobrevalorização ou sobreapreciação do Euro face ao Dólar. Essa é a verdadeira questão. A Europa perdeu competitividade porque construiu uma moeda que é demasiado forte para as regiões menos competitivas. Ora, se é sabido que, antes da adesão ao Euro, Portugal, Espanha, Grécia, Itália recorriam a desvalorizações das suas moedas para manter alguma competitividade, de que é que estavam à espera? Seria possível essas economias aguentarem sem dificuldades, sem sofrimento, uma moeda tão forte como Euro? E, já agora, pergunto: será que o nosso problema é assim tão diferente do da Alemanha de Leste? Recordo que durante anos a fio a Alemanha de Leste, já depois de integrada na Federação Alemã, recebeu transferências anuais na ordem dos 100 mil milhões de Euro – para que se tenha uma ideia, o conjunto de Fundos Comunitários do QREN para 2007-2013 é de apenas 21 mil milhões de Euro, para os sete anos (3 mil milhões por ano) – sem que isso tenha modificado substancialmente a competitividade daquela região. A análise dos dados ao nível de NUT's II comprova-o. Mas como é a Alemanha, ninguém fala!

Aproveito também para desmistificar a ideia de que “no tempo de Cavaco Silva foi um regabofe de Fundos Comunitários”. Falando verdade, nessa altura, o Pacote Delors II garantia para Portugal 700 milhões de Contos ao ano, o equivalente a 3,5 mil milhões de Euro ano, ou seja, menos 500 milhões de Euro por ano do que agora. É verdade que 3€ hoje valem menos que 3,5€ há quinze anos. Mas as taxas de juro hoje são muito mais baixas e naquela altura as infra-estruturas viárias, da educação e hospitais eram pagas sem recurso a PPP's.

Voltando ao tema, o que tem que ser discutido a fundo é: quando é que o Banco Central Europeu vai aceder a desvalorizar o Euro? Quantos mais postos de trabalho é que têm que ser destruídos? Quantos países europeus é que têm de entrar em bancarrota? Esta é a questão.

É verdade que um Euro valorizado em face do Dólar contribui para sustentar os preços dos combustíveis (medidos em USD) e nos dá a nós, Europeus, a sensação de sermos ricos quando vamos de férias à América, mas é tudo uma pura ilusão.

Ontém, Marcelo Rebelo de Sousa dizia que, com tantas pastas, Álvaro Santos Pereira, o novo Ministro da Economia passaría a vida em Bruxelas nas reuniões do Conselho Europeu, portanto, o melhor é mandar os Secretários de Estado às reuniões temáticas (Economia, Inovação, Comércio, Turismo, Transportes, Obras Públicas, Habitação, Comunicações, Emprego,...). Eu discordo. Álvaro Santos Pereira tem mesmo que passar os seus dias em Bruxelas, a bater o pé aos Eurocratas. Se ele disser com toda a eloquência aquilo que, ao longo de anos, tem vindo a escrever no seu Blog “Desmitos”, ele vai confrontar seriamente os seus homólogos europeus com questões sobre as quais eles nem sequer se têm debruçado.

Fica, pois, a minha esperança em alguém que, claramente, sabe fazer o trabalho de casa.

Em breve, trarei a este blog um tema que, para mal dos nossos pecados, tem andado arredado da agenda europeia: a harmonização fiscal!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Dois apontamentos rápidos sobre Portugal e a Europa

Efectivamente, a política é feita por ciclos e hoje a Europa parece estar a voltar à casa de partida. O panorama político partidário europeu de hoje é quase decalcado do de 1995.

O PSD era poder em Portugal, agora volta a sê-lo.

O Governo espanhol era socialista, agora ainda é.

A direita estava no poder em França, tal como agora.

Os democratas cristãos lideravam na Alemanha, como agora.

Os socialistas governavam a Grécia, agora também (des)governam.

No Reino Unido mandavam os Conservadores, assim como hoje.

Berlusconi experimentava na altura a sua primeira passagem pelo Governo, agora, depois de passar duas vezes pela oposição, lá continua.

E a Bélgica continua a ter dificuldade em formar Governos.

A história não se repete, é certo, mas não deixa de ser curioso que nas vezes de Cavaco esteja Passos, nas de Gonzalez esteja Zapatero, Fillon ocupe o lugar de Balladour e Juppé, Merkel suceda a Kohl, (não peçam para dizer os nomes dos primeiros ministros gregos), Cameron vive no number ten de Downing Street - onde viveu John Major - e Berlusconi, sempre ele, ocupa o lugar que foi dele, deixou de ser, voltou a ser, deixou de ser e voltou a ser.

Denominador comum: os países onde hoje governa a direita experimentaram governações trabalhistas, socialistas e sociais democratas (á moda alemã) que se saldaram naquilo que hoje é a Europa. Ao invés, os países onde os socialistas ainda governam: Espanha e Grécia, vivem, a par com Portugal, as situações mais aflitivas.

Sem leituras tendenciosas ou maniqueistas, que cada um tire as suas conclusões!



Outro apontamento para referir o caso de um empresário português radicado em França. Começou com um táxi, agora é proprietário de centenas deles, em Paris. Numa entrevista concedida pelo empresário luso, à RTP, na sede da empresa, vislumbraram-se algumas das viaturas. Marca? Não, não eram alemães, da estrelinha, nem tão pouco franceses do losango. As viaturas eram italianas, sim, dessa marca, a mais popular. Cá em Portugal, táxi que se preze tem que ser da marca da estrelinha. Qual é, afinal, entre estes dois, o país rico?


Passos seguro(s) na governação

Finalmente são conhecidos os nomes do Executivo de Passos Coelho. Fazer apreciações acerca do currículo de cada um dos escolhidos é uma tarefa ingrata, pelo que não vou por aí.

Direi apenas que o elenco do executivo contém algumas surpresas e confirma outras coisas que já se previam.

Surpresas, sem dúvida os nomes de Alvaro Santos Pereira e Vitor Gaspar para as pastas da Economia e das Finanças, respectivamente. Sendo pessoas alheias ao fenómeno político partidário, ficam assim, de certa forma, salvaguardados em relação a muitas das habituais pressões que surgem da máquina partidária. Assim saibam tomar partido disso! Uma surpresa positiva também o nome de Paulo Macedo na Saúde. É conhecido o papel que desepenhou como Director Geral de Impostos e destaca-se ainda o facto curioso de ter sido reconduzido nas funções de Vice-presidente do Millennium BCP por Carlos Santos Costa, quando – vamos ser directos - a equipa do PS, vinda da CGD, tomou de assalto o Banco. Se não fosse competente, tinha “ido de vela”. Fica a expectativa em relação ao seu desempenho num domínio que precisa de muita gestão! Para além disso, é claramente o caso de alguém que indo para o Governo vê diminuir a sua folha salarial. O país precisa desses exemplos.

Mas mais surpreendentes do que os nomes dos que entram para o Governo, são os nomes que ficam de fora. Na hora da verdade, Eduardo Catroga, Vitor Bento, Bagão Félix, Lobo Xavier, Daniel Bessa, … ficam de fora, uns porque não quiseram ir, outros porque nem sequer foram convidados. É sabido que, nestas coisas de formação de Governos, o pano de fundo é quase sempre o wishful thinking...

A leitura que se pode fazer é esta. Passos Coelho é lider incontestado do PSD, ganhou o partido de forma contundente, logo, não tem que fazer concessões. Assim, premeia e leva para o Governo os seus mais directos apoiantes (Relvas, Macedo, Teixeira da Cruz, Moedas), convida também os seus mais directos adversários internos (Aguiar Branco aceita e Rangel prefere Estrasburgo) e os outros... bem, os outros, sendo seus apoiantes, de verdade, têm que ter paciência e continuar a apoiá-lo, mesmo que este não tenha nada para lhes dar de imediato.

Surpreende-me, por isso, um certo provincianismo, no qual alguma comunicação social local alinha habitualmente, dizendo-se que, atrás dos que foram eleitos para o parlamento, vão mais uns quantos porque dois ou três deputados eleitos por distrito vão para o Governo. Deixem-me dizer isto de forma clara, para os que ainda não perceberam: o grupo parlamentar do PSD tem muitos novos deputados, com pouca experiência parlamentar. Naturalmente, estando do outro lado do hemiciclo todas as “raposas velhas” que sairam agora do Governo (Santos Silva, Alberto Martins, Rui Pereira,...), bem como outros profissionais parlamentares, tipo Lellos e outros, é imprudente “desnatar” o Grupo Parlamentar e levar os membros mais experientes para o Governo. Então, imaginem o bailinho que não seria nas comissões parlamentares... Passos Coelho já provou que não faz as coisas por acaso e, assim sendo, muitos terão mesmo que, ainda que contrariados, ficar na Assembleia da República. Os que não entraram sequer, pior ainda. É a vida...

Passos Coelho sai reforçado, em termos de credibilidade, deste processo ao conseguir formar equipa em tempo recorde e ao cumprir o compromisso de reduzir substancialmente o número de Ministros. Continua, pois, na senda de falar verdade e cumprir o que promete!

Por falar em cumprir o que promete, a questão do Presidente da Assembleia da República. Compreende-se o receio expresso por António Capucho... é o receio de muito militantes. Mas, sendo o voto secreto, alguém acredita que Passos Coelho avançaria para esta proposta sem assegurar junto do CDS o número de votos suficientes (oito em vinte e quatro) para fazer aprovar o nome de Nobre? E, já agora, pergunto: sabem que foi Fernando Amaral ou Vitor Crespo? Não? Isso é bem eloquente da importância que os portugueses atribuem ao cargo e da visibilidade que este tem... O Presidente da Assembleia da República recebe uma pendrive da mãos do Ministro das Finanças, por ocasião da votação do Orçamento de Estado, discursa no 25 de Abril, conduz os trabalhos na AR, … OK, admito, estou a exagerar um pouco. É a seunda figura do Estado, acima do Primeiro-ministro, e seria chamado a assumir funções se ocorresse algo com o Presidente da República. Mas pergunto: a condição de saúde de Cavaco é assim tão má que não se possa arriscar um presidente independente no parlamento? Penso que não. O problema é só um: o ressabiamento do PS. Mas, sou levado a acreditar que a “teimosia” de Passos será recompensada. A palavra de um político não deve ser descartável. Os portugueses despediram recentemente um Primeiro-ministro que disse que não governaria com o FMI e, pouco tempo depois, já estava disponível para isso e muito mais.

A redução do número de Ministérios é uma nota positiva e um bom exemplo. Mas, fico na expectativa de saber se todas estas alterações não colocarão, no imediato, algumas dificuldades à implementação do memorando assinado com a Troika. Quanto tempo levará a fazer e aprovar todas as novas leis orgânicas de cada um destes Ministérios?

Fica também a expectativa em relação aos Secretários de Estado, sendo que, dos três nomes que se conhecem, dois são naturais: Carlos Moedas e Francisco Viegas; um, não constituindo uma surpresa, acaba por ser inesperado, até porque não tinha sido candidato a deputado, ao contrário dos dois anteriores. Falo, claro está, de Luis Marques Guedes, um veterano da política que fez uma carreira ao contrário: foi Secretário de Estado com Cavaco Silva, entre '87 e '95, e depois disso tem estado no Parlamento. Agora, quase vinte anos depois regressa ao lugar que ocupou como um dos braços direitos de Cavaco. É, por ventura, a única linha de continuidade com o passado já que, de facto, uma nova geração assumiu o poder em Portugal! Já ía sendo tempo!



PS: Fernando Amaral e Vitor Crespo foram Presidentes da AR durante os dois primeiros Governos de Cavaco Silva...




terça-feira, 7 de junho de 2011

15 anos de História em três minutos

14 de Janeiro de 1996. Um dia trágico na história de Portugal. Lembra-se porquê? Sampaio venceu, nesse dia, Cavaco nas eleições presidenciais. Os títulos dos jornais no dia seguinte eram eloquentes “Portugal à esquerda”. Na capa, invariavelmente, o abraço que Guterres deu a Sampaio nessa noite, para o felicitar pela vitória.

Vem isto a propósito do facto de agora ser o PSD o partido que apoiou o Presidente da República, que há-de apoiar o próximo Governo e que há-de propor o nome do próximo presidente da Assembleia da República.

Há contudo algumas diferenças substanciais:

  • se em 1996 os mais altos cargos da nação foram para militantes do PS (Sampaio, Guterres e Almeida Santos), agora apenas um será ocupado por um militante do PSD: Pedro Passos Coelho, o presidente do Partido. Cavaco suspendeu a sua militância antes de se candidatar ao primeiro mandato como Presidente da República e Fernando Nobre, que pode ser o próximo Presidente do Parlamento (e, depois da campanha que fez, merece-o), não é, nem será, militante do PSD. Fica entendido que o PSD não tem a pretensão do poder absoluto. Ao contrário de outros...
  • Mas a diferença substancial não é essa. Alguém dizia ontém que agora, com um Presidente, uma maioria e um Governo, finalmente a Direita pode implementar o seu programa político. Nada disso, o próximo Governo vai implementar o Programa ao qual o país se vinculou pela mão do PS em consequência dos desvarios dos seus Governos. Então qual é a diferença entre 1996 e 2011? Muito simples. Em 1996 existia uma insignificante taxa de desemprego, a economia crescia, não havia problemas de finanças públicas, havia boas empresas para privatizar, registava-se euforia na Bolsa e Portugal estava apontado à adesão ao Euro. Agora há desemprego, há um défice medonho, já não há quase nada (que preste) para privatizar, a bolsa não tem liquidez e só não somos expulsos do Euro porque isso também teria consequências para o resto da Europa. Em '96 havia dinheiro para distribuir. Rui Rio referiu-se, numa das mais bem conseguidas expressões da campanha eleitoral, a “uma orgia de dinheiros públicos” durante os Governos Sócrates. Mas se com Sócrates houve orgias de dinheiros públicos, com Guterres começou, no mínimo, o festim. O rendimento mínimo garantido, as feijoadas na ponte, os estádios, em versão buffet, para o Euro 2004, a encomenda de três, que podiam ser quatro (!) submarinos… tudo resultado de uma nefasta coabitação Guterres – Sampaio entre 1996 e 2002.

Naturalmente, quando Durão Barroso chega ao Governo o país está de tanga. Mas, enquanto o Governo se esforçava por pôr ordem nas contas públicas o presidente Sampaio dava sinais contraditórios com o que devia ser um desígnio nacional, dizendo que “há vida para além do défice”. Eu, no lugar de Durão Barroso, também me teria ido embora...

Já dizia a canção, “dez anos é muito tempo”. E, de facto, foi muito tempo. Sampaio teve tempo para tudo: para pôr a mão por baixo dos Governos de Guterres entre 1996 e 2002, para queimar o Governo de coligação PSD/CDS entre 2002 e 2004 e, por último, na recta final, e antes de se ir embora, no fim de deixar o Partido Socialista arrumar a casa - leia-se “correr com Ferro Rodrigues” e o substituir pelo bem-falante deputado e comentador da RTP1 José Sócrates –, ajudou os seus camaradas a voltar ao poder.

Sampaio assinou o melhor discurso da última cerimónia do 25 de Abril. Foi o mais crítico e severo. Não poupou ninguém. Fico com a sensação que havia ali muito peso de consciência, até porque enquanto esteve em Belém nunca lhe vimos nenhuma intervenção mais crítica, exceptuando, claro está, quando se dirigia ao Governo PSD/CDS.
Porquê recordar isto agora? Porque tem que haver memória em política. E o PS costuma esquecer-se. O PS esqueceu-se de quem encomendou os submarinos (em 1998!), provavelmente, tomado por uma qualquer amnésia colectiva, agora vai-se esquecer que foi o seu Governo que negociou a ajuda externa com a troika, …

Eu sei que Ana Gomes é apenas uma militante socialista e que não fala pelo Partido e apenas se representa a ela própria e pouco mais... mas as violentas e insultuosas declarações que proferiu hoje em relação a Paulo Portas são vergonhosas para uma eurodeputada. Aliás, não conheço nenhum analfabeto que consiga falar de forma tão vil e soez. Independentemente de o PS estar, agora, à deriva, já devia ter aparecido um responsável, porque ainda os há, a demarcar-se, ou mais, a condenar este tipo de declarações ressabiadas que não trazem nada de bom à política nacional. O mau perder é uma coisa terrível e este tipo de declaração até pode anular o efeito do belíssimo discurso de despedida de Sócrates. Aliás, penso que o PS devia aproveitar esta ocasião para fazer uma profunda limpeza de balneário e mandar para casa alguns figurões que não fazem outra coisa que não comer da manjedoura pública (seja no Governo, seja no parlamento, seja em empresas públicas), alguns deles, há mais de trinta anos. Inscrevo na primeira linha Ana Gomes e José Lello, o tal que diz que o Presidente é foleiro. É bom que as cabecinhas pensantes que estão reunidas no Altis a esta hora reflictam bem. Se forem capazes... Finalmente, em política, começou-se a pagar pela língua. Querem um exemplo? O alentejano que chamou “africanista de Massamá” a Passos Coelho já teve a paga: o PS perdeu um deputado em Beja para o PSD, que não já elegia, por lá, ninguém desde 1995!

Termino subscrevendo as palavras de um dos mais brilhantes jornalistas económicos do nosso panorama: Camilo Lourenço. Ele dizia, hoje de manhã, que não tem respeito por governantes que não saibam o que é pagar um salário, que nunca tenham passado pelo papel de empregadores por sua conta. Normalmente esse é o perfil dos Governantes do PS: uma vezes no Governo, outras vezes no Parlamento, na oposição. Vir “cá para fora” para as empresas (as privadas) é que não! Dá muito trabalho e não é para qualquer um.

Eu, que também já vou sabendo o que é isso de pagar salários, também não tenho respeito por esse tipo de governantes, aliás, foram eles que nos trouxeram até aqui.

domingo, 5 de junho de 2011

Mudou!

Pedro Passos Coelho e o PSD averbaram hoje uma vitória categórica e concludente.

Apesar das manchas rosa e vermelhas a sul do Tejo, quando vistos os resultados distritais, Passos Coelho não ganha as eleições com metade do território nacional contra si e averba resultados notáveis em muitas localidades tipicamente de esquerda: Setúbal, Montijo, Palmela, Sesimbra, Alcochete, Santiago do Cacém, Almodovar, Ourique, são apenas alguns exemplos de concelhos onde o PSD levou de vencida, em território claramente adverso (só para referir os distritos de Setubal e Beja, os mais complicados). Passos Coelho será, por isso, um Primeiro Ministro de dimensão nacional, tendo conseguido levar o PSD a um dos melhores resultados de sempre. É verdade que este resultado fica aquém do de Durão Barroso, mas é diferente disputar eleições contra um primeiro-ministro de disputá-las contra um sucessor de um Primeiro-ministro demissionário, como era Ferro Rodrigues em 2002.

Esta é a vitória da esperança dos portugueses e é mérito do líder do PSD, que venceu as eleições sem se vergar ao políticamente correcto. Durante a campanha eleitoral Passos Coelho proferiu muitas declarações que, claramente, chocavam com o politicamente correcto. Aquilo que muitos disseram ser gaffes foram, simplesmente, declarações genuínas de alguém que não queria ganhar a todo o custo. E na verdade, Passos ganhou tendo dito tudo aquilo que lhe ía na “real gana” e, por isso, tem todo mérito. Ao mesmo tempo, parece que os portugueses valorizaram a franqueza de alguém que optou por falar verdade.

É também uma derrota clamorosa do PS e de Sócrates. É o pior resultado desde 1991. No anterior post enunciei alguns pontos negativos da campanha do PS mas não referi dois outros momentos também lamentáveis: um, quando, no debate com Louçã, disse que reestruturar a dívida significava não pagar aos credores – acreditava ele no que estava a dizer? - o outro, quando, num tom vingativo, disse a um empresário, que lhe colocou uma questão incómoda, no âmbito de uma conferência do Diário Económico, “eu não gostei do que disse!”. Como se fosse suposto um Primeiro-ministro ter que gostar das perguntas que lhe fazem... Ironicamente, diria que o melhor momento de Sócrates foi o discurso desta noite... quando se foi embora.

Agora, para o futuro Governo e para o país, o mais difícil está para vir. Primeiro, é preciso perceber a real situação das finanças públicas. Nisso, o PSD tem que ser implacável e é bom que se perceba a verdadeira situação de endividamento e de défice do país. Em simultâneo é preciso honrar os compromissos com o FMI, a UE e o FEEF. Devolver a esperança aos portugueses e a credibilidade externa a Portugal serão dois vectores fundamentais da actuação do novo Governo.

Por agora, fica a expectativa de saber qual a composição do próximo Governo. Concordo com Paulo Portas quando disse que este tem que ser um Governo com os melhores...

Trinta anos depois, cumpre-se o desígnio de Sá Carneiro: um Governo, uma maioria, um Presidente. Pena é que isso aconteça quando o país atinge a sua situação mais crítica das últimas décadas! Essa parece, aliás, ser a sina da direita: subir ao poder quando o país está de rastos! Foi assim com Sá Carneiro, foi assim com Cavaco, foi assim com Barroso, é assim com Passos Coelho!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Com um olho no grego e o outro no cigano"

Qual a diferença entre uma arruada e uma arruaça? Por vezes, a diferença é apenas uma letra...


“Eu vou votar nele! Ele pode ser (pííííííííí) mas eu vou votar nele!” dizia uma apoiante de José Sócrates eufórica aos microfones da TVI, por ocasião da arruada desta tarde, na Rua de Santa Catarina, no Porto. Esta é uma transcrição que eu não comento, apenas convido a que vejam o vídeo...

Está a chegar ao fim a Campanha Eleitoral. Não me recordo de uma campanha em que os protagonistas chegassem ao fim tão exaustos e tão roucos. Esta foi uma campanha à “moda antiga”. Voltámos a ver comícios com discursos de megafone na mão, em cima de capots de automóveis, de reboques de tractores agrícolas... O povo anda desanimado e triste, mas a verdade é que, por muito que se fale das novas tecnologias e das redes sociais, nada substitui o contacto pessoal. Pelo menos, por altura da campanha, os políticos estão acessíveis e essa é a parte positiva.

Houve outros aspectos positivos nesta campanha:

  • menos outdoors. Aí o mérito é para Paulo Portas que lançou o mote da poupança e acabou por condicionar o outros partidos políticos;
  • foi menos marcada por casos, fait-divers e “cortinas de fumo”, quando comparada, por exemplo, com a Campanha das Legislativas de 2009, em que, basicamente, não se discutiu a situação do país;
  • houve bastante adesão popular, afinal os partidos não estão esgotados.

Houve também, claro está, aspectos negativos, quase sempre com um denominador comum: o PS. Seja o caso dos imigrantes e estrangeiros abarbatados e arregimentados em autocarros para seguir os comícios de José Sócrates (não fosse faltar assistência), aparentemente em troca de comida(!), seja a declaração lamentável de um alto responsável do PS referindo-se a Passos Coelho como “esse africanista de Massamá”, seja o despropositado mini-estádio que foi sendo montado e desmontado ao longo do país para os comícios do PS (Sócrates tem de facto uma paixão por estádios, ficou-lhe do Euro 2004...), seja ainda o número de vezes que o candidato José Sócrates desmentiu medidas que o Primeiro-ministro José Sócrates assinou, de cruz, no famoso memorando da Troika, … houve de tudo um pouco e, até diria que os episódios de Torres Vedras e do Algarve, nos quais houve contestação / marcação aos comícios do PS ficaram muito aquém da revolta e da tensão que se sente em relação a algumas políticas governamentais.

Hoje de manhã, num comentário radiofónico na Renascença, Luis Nazaré, esse grande gestor de empresas públicas monopolistas e entidades públicas por nomeação política, dizia que estava para ver como é que um “Governo da Direita” iria lidar com este tipo de grupos de pressão. Eu diria que não há nada para ver! O PSD não vai alterar nada, seja em relação a SCUT's, seja, talvez, em relação ao Ensino Privado, mas isso não inibe quem se sente descontente com as políticas do Governo, de o demonstrar, nem que seja à porta dos comícios do PS...

Houve também aspectos que nem sei classificar, se como estranhos ou como caricatos. Não vou voltar a falar da TSU (http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1128&did=158578) mas, soube-se agora que, afinal, o Governo, enquanto todo o PS dizia que isso era irresponsável, se comprometeu, por carta enviada à Troika, a promover uma redução significativa daquela contribuição, compensando com um aumento do IVA!! Ou seja, aquilo que acusaram o PSD de querer fazer foi, no fundo, aquilo que às escondidas, já admitiram ter que fazer! Ainda no debate Sócrates-Passos o candidato socialista disse que “era para estudar”. Como é possível mentir tão descaradamente? Isto é apenas um exemplo... mas há outros. Ele fala do Serviço Nacional de Saúde como sendo o seu derradeiro defensor, mas sabe-se também que as taxas moderadoras vão aumentar e muitas isenções vão terminar. Ele acusa o PSD de querer liberalizar os despedimentos, mas sabe-se agora que o acordo com a Troika prevê a inclusão de motivos como a “inadaptação do trabalhador” na justa causa...

São tantas as vezes que Sócrates nega o inegável, ou melhor, os seus próprios actos, que eu até estou admirado de ainda não termos ouvido um qualquer galo cantar três vezes. Mas, por ventura, não haverá ocasião para o galo cantar... talvez seja já a ocasião para o famoso “canto do cisne”.

Domingo à noite tudo estará decidido ou, pelo menos, definido. Daqui até lá, já pouco falta. Mas falta o mais importante: que cada um de nós exerça, em consciência, o seu dever e direito cívico, votando.

A propósito da crise pela qual passa outro país-membro do Euro, a Grécia, e que nos deve servir de exemplo, uma vez que - se soubermos escolher um Governo corajoso, firme, compente e descomprometido com o passado – ainda vamos a tempo de evitar passar pelo mesmo, diria que no Domingo é preciso votar “com um olho no grego e o outro no cigano”!