Pedro Passos Coelho e o PSD averbaram hoje uma vitória categórica e concludente.
Apesar das manchas rosa e vermelhas a sul do Tejo, quando vistos os resultados distritais, Passos Coelho não ganha as eleições com metade do território nacional contra si e averba resultados notáveis em muitas localidades tipicamente de esquerda: Setúbal, Montijo, Palmela, Sesimbra, Alcochete, Santiago do Cacém, Almodovar, Ourique, são apenas alguns exemplos de concelhos onde o PSD levou de vencida, em território claramente adverso (só para referir os distritos de Setubal e Beja, os mais complicados). Passos Coelho será, por isso, um Primeiro Ministro de dimensão nacional, tendo conseguido levar o PSD a um dos melhores resultados de sempre. É verdade que este resultado fica aquém do de Durão Barroso, mas é diferente disputar eleições contra um primeiro-ministro de disputá-las contra um sucessor de um Primeiro-ministro demissionário, como era Ferro Rodrigues em 2002.
Esta é a vitória da esperança dos portugueses e é mérito do líder do PSD, que venceu as eleições sem se vergar ao políticamente correcto. Durante a campanha eleitoral Passos Coelho proferiu muitas declarações que, claramente, chocavam com o politicamente correcto. Aquilo que muitos disseram ser gaffes foram, simplesmente, declarações genuínas de alguém que não queria ganhar a todo o custo. E na verdade, Passos ganhou tendo dito tudo aquilo que lhe ía na “real gana” e, por isso, tem todo mérito. Ao mesmo tempo, parece que os portugueses valorizaram a franqueza de alguém que optou por falar verdade.
É também uma derrota clamorosa do PS e de Sócrates. É o pior resultado desde 1991. No anterior post enunciei alguns pontos negativos da campanha do PS mas não referi dois outros momentos também lamentáveis: um, quando, no debate com Louçã, disse que reestruturar a dívida significava não pagar aos credores – acreditava ele no que estava a dizer? - o outro, quando, num tom vingativo, disse a um empresário, que lhe colocou uma questão incómoda, no âmbito de uma conferência do Diário Económico, “eu não gostei do que disse!”. Como se fosse suposto um Primeiro-ministro ter que gostar das perguntas que lhe fazem... Ironicamente, diria que o melhor momento de Sócrates foi o discurso desta noite... quando se foi embora.
Agora, para o futuro Governo e para o país, o mais difícil está para vir. Primeiro, é preciso perceber a real situação das finanças públicas. Nisso, o PSD tem que ser implacável e é bom que se perceba a verdadeira situação de endividamento e de défice do país. Em simultâneo é preciso honrar os compromissos com o FMI, a UE e o FEEF. Devolver a esperança aos portugueses e a credibilidade externa a Portugal serão dois vectores fundamentais da actuação do novo Governo.
Por agora, fica a expectativa de saber qual a composição do próximo Governo. Concordo com Paulo Portas quando disse que este tem que ser um Governo com os melhores...
Trinta anos depois, cumpre-se o desígnio de Sá Carneiro: um Governo, uma maioria, um Presidente. Pena é que isso aconteça quando o país atinge a sua situação mais crítica das últimas décadas! Essa parece, aliás, ser a sina da direita: subir ao poder quando o país está de rastos! Foi assim com Sá Carneiro, foi assim com Cavaco, foi assim com Barroso, é assim com Passos Coelho!