sábado, 3 de dezembro de 2011

Quem anda à chuva molha-se!

Miguel Relvas foi vaiado no Congresso da Anafre, como tinha que ser e como só podia ser. O Ministro quer demonstrar tanta coragem e tanta determinação que acaba por se sujeitar a este tipo de enxovalho, totalmente desnecessário.
Desde as eleições, Miguel Relvas tem andado à solta. Enquanto Passos Coelho tenta salvar o país da bancarrota e se dedica aos mais altos desígnios da nação, Relvas vai-se dedicando à mercearia. Sim, porque isto de insinuar que os problemas orçamentais do país têm alguma coisa a ver com as Juntas de Freguesia é mera mercearia e eu não quero merceeiros no Governo, quero estadistas!
Se bem me lembro - como eu próprio costumo dizer: "a memória, em política, é fundamental" - Passos Coelho, na campanha eleitoral só começou a subir (nas sondagens) quando Miguel Relvas se calou. Depois da tomada de posse, este Ministro anda tão cheio de si próprio que pensa que, a si mesmo, tudo se lhe é permitido.
Quando, à saida do Congresso da Anafre, dizia que este tipo de contestação é fomentada, insinuando que os partidos da oposição estão por detrás da monumental vaia, Relvas escamoteou um pormenor: a maioria das Juntas de Freguesia é liderada por autarcas do PSD!
Já aqui disse: o "livre verde do poder local" é, mais do que isso, um "livro negro do poder local".
No tom demagógico que de há uns tempos a esta parte decidiu adoptar, defendendo-se, Relvas disse a uma jornalista. "Recebemos recentemente o livro branco do Sector Empresarial Local. sabe quanto devem as empresas municipais? 2,4 mil milhões de Euro! Sabe quem vai pagar? Os portugueses!"
Ora, o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Eu prefiro pagar as dívidas das empresa municipais do meu concelho, que me fornecem bens e serviços dos quais eu usufruo, a ter que pagar as dívidas das empresa públicas que fornecem bens e serviços para ALGUNS portugueses. Leia-se: Metro de Lisboa, Carris, STCP, Metro do Porto, Soflusa, Transtejo, Metro do Sul do Tejo, ...
No que toca a empresas municipais, cada um tem as que quer, e cada um paga as suas. Nada mais justo. Quem não está satisfeito vota na oposição e elege um presidente de câmara que as liquide. "Mai nada!"
Já que estamos em era de livros coloridos, fico à espera do Livro Cor de Rosa, sobre o Sector Empresarial do Estado (tem que ser rosa!) e do Livro Vermelho do Sector Público Administrativo - este tem que ser vermelho, já que as contas públicas estão no vermelho.
Para história fica a primeira vaia de um Ministro deste Governo. Não foi o Ministro da Educação, não foi o Ministro da Saúde, nem a Ministra da Agricultura...
Cautela pois, não vá Passos Coelho, um destes dias, ter que dizer: "Miguel, tu és o elo mais fraco: adeus!"