terça-feira, 10 de maio de 2011

CGD semi-privatizada. So what?

Dá-me vontade de rir a forma como alguma esquerda se agarra a bandeiras do passado ignorando a realidade dos dias de hoje.

No debate desta noite Passos Coelho reiterou a ideia de privatizar o sector segurador da CGD. E eu pergunto: so what? Que mal vem ao Mundo?

A CGD detém um vasto sector segurador com duas empresas que concorrem entre si! Fidelidade-Mundial e Império-Bonança. Ou seja, o Estado detém hoje todas as seguradoras que por um motivo ou outro lhe foram para à sua alçada. Desde a Mundial Confiança que Champalimaud vendeu ao Santander, que por sua vez se viu obrigado a vendê-la à CGD, passando pela Império Bonança, que comprou ao BCP em 2004, e que, ela própria, já resultou da fusão de duas seguradoras. Resumindo e concluindo, em 2011 o Grupo Caixa Seguros detém depois de “fusionadas” aquelas que eram há dez anos as seguradoras do Grupo Mello, do BCP, do Grupo Champalimaud e da CGD. Isto faz algum sentido? E se eu disser que para além destas, até o Seguro Directo é da CGD? Afinal são 3 Companhias de Seguros que resultam de 5!

Naturalmente que o argumento contrário à privatização do Banco CGD é popular e fácil de vender: “O Estado tem que ter uma instituição bancária para regular o sector e facilitar o crédito às PME's”. Qualquer um de nós “compra” este argumento. Mas, já agora, pergunto: Será que a CGD tem um comportamento assim tão diferente dos outros Bancos comerciais? Não vou emitir opinião. Apenas direi que a CGD foi o braço armado do Governo e das autarquias para financiar as famosas PPP's. Desde auto-estradas, escolas e centros-escolares, hospitais, lá está a CGD. Os montantes milionários que o Banco público emprestou ao Estado, se devidamente encaminhados para as PME's e para as micro-empresas, teriam feito toda a diferença. Conheço empresas com projectos aprovados, que envolvem Fundos Comunitários, que, por falta de financiamento, vão deixar os projectos na gaveta. Lá vamos nós devolver dinheiro a Bruxelas. Posto isto, volto a perguntar: Será que a CGD tem um comportamento assim tão diferente dos outros Bancos comerciais? Cada um que responda por si.
Naturalmente que todos estamos lembrados do lamentável episódio da transferência do Conselho de Administração da CGD para o BCP, algo de que já muito poucos se recordam, mas que é, sem dúvida, uma das razões pelas quais o Estado gosta de ter um Banco!