Já agora, deixem-me só dizer o seguinte - antes que algum comentador bem pago o diga na televisão - o cenário pós-eleitoral grego deveria fazer, todos aqueles que defenderam, para Portugal, um "Governo de amplo apoio parlamentar", com o PSD, CDS-PP e PS, reconhecerem que estavam errados. E porquê? Porque está provado que os Governos de amplo apoio parlamentar dão nisto: a oposição deixa de estar no arco da governação, passa para partidos extremistas e chega-se onde os gregos chegaram - os eleitores revoltados com os dois principais partidos e que têm tradição governativa, optaram por partidos radicais à esquerda e à direita. Resultado: país ingovernável! Como é que eles chegaram aqui? Há meses atrás a Nova Democracia, partido do centro-direita grego, estando na oposição, tinha dos eu lado boa parte dos eleitores gregos. Após o flop de Papandreou, que quis convocar um referendo e depois voltou atrás, a ND foi para o Governo em coligação com o PASOK. Erro crasso: caiu em termos de popularidade e agora ganhou as eleições por uma baixíssima margem, não conseguindo formar Governo.
Isto também já por cá aconteceu, por alturas da última passagem do FMI: Governo de Bloco Central; Cavaco vai à Figueira fazer rodagem ao seu Citroen BX, acaba presidente do partido e dissolve a aliança com PS. Consequência, eleições antecipadas, o PS tem o seu mais baixo resultado de sempre, nas legislativas de '85, o PSD ganha, mas nem chega aos 30%, e tem de Governar em minoria. Para onde foram os votos dos desiludidos? Para o PRD. Sorte para Portugal, o PRD não era um partido radical, mas, curiosamente, foi quem fez cair o Governo de Cavaco, passados dois anos.
Moral da história, com aplicação nos dias de hoje, não tem que estar toda a gente no Governo para se implementarem medidas de rigor e reformas estruturais, o que é preciso é que haja sentido de Estado por parte dos que estão na oposição.
Que chatice... pareço ter melhor memória dos eventos de então que o próprio Mário Soares...